segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Porque devemos comemorar os 90 anos do rádio no Brasil?



Porque devemos comemorar os 90 anos do rádio no Brasil?

Antes vamos fazer um exercício. Imagine sua vida sem o rádio, sem as lembranças que as músicas ainda trazem, sem informações, sem aquele convite que você ganhou na promoção ou sem aquela música que te pegou de surpresa no meio de um engarrafamento. Pois bem, a vida não teria graça nenhuma e com certeza você ficaria bem menos informado.

Manter a história viva está no DNA daqueles que amam o rádio, daqueles que vivem 24 horas o meio. Estudar o passado e entender o presente para não errar no futuro. Simples.

Erros foram cometidos desde a aparição da magia do rádio. Padre Landell Moura que o diga. Foi conhecido como um padre doido que fazia a voz aparecer à distância. O rádio já nasceu desacreditado, mas pouco depois outro apaixonado, desta vez pela educação de um povo, sonhou com um Brasil sem analfabetismo. Roquette Pinto quase desistiu de implantar o rádio por aqui, mas foi em frente com seu temperamento arrojado e criou a primeira emissora em 1922.

De lá pra cá muita coisa mudou, principalmente com a ganância das gravadoras que mandaram e desmandaram nas emissoras. Além de engolir os sucessos fabricados goela abaixo o ouvinte tinha também poucas opções de entretenimento. Houve época que as programações musicais eram todas iguais. A mesma canção tocava na mesma hora em emissoras concorrentes.

Nesses 90 anos não vamos esquecer o golpe de 1964 que calou os veículos de comunicação.

Como o rádio não experimentava uma via de mão dupla, ou seja, a participação do ouvinte era passiva, sem questionamentos, o meio passou esse período sombrio de nosso historia sem qualquer problema. Tudo que a ditadura necessita para crescer é a falta de questionamentos, mas por outro lado os compositores foram calados e muitos torturados.

O uso irracional do satélite em um país deste tamanho e a falta de comprovação das inserções comerciais foram responsáveis também pela falta de interesse por parte das agências de publicidade, que não enxergavam no rádio um veículo sério.

Nem tudo foi dificuldade neste país do futebol. O esporte e responsável ainda por grandes audiências e anunciantes. Quando não havia a televisão o rádio fazia muito bem seu papel de informar e entreter. Onde a televisão foi pegar seus atores e jornalistas? No radio, é claro, mas, por favor, não culpem a TV por isso.

Hoje temos várias possibilidades se desdobrando com a internet. Rádios nos celulares, nos computadores, rádios web experimentando segmentos até então inimagináveis, todos fazem suas programações musicais e se tornam jornalistas em sites de relacionamento e em blogs. Agora podemos falar, podemos escrever, dar opinião, dizer que não concordamos e prestigiar outras transmissões caso a atual não nos satisfaça.

Nesses 90 anos de rádio no Brasil alguma coisa foi pouco aproveitada, outros conteúdos fizeram e fazem parte de nosso história e outros caíram no esquecimento. Nesses 90 anos de luta saímos da clandestinidade, fomos campeões de audiência, caímos na UTI com a chegada da TV, tivemos criatividade pra dar a volta por cima e estamos diante de um mundo de possibilidades com a internet. Agradecemos a todos que romperam barreiras e abriram as portas para que nossa luta possa continuar.

Fazer rádio no Brasil é acima de tudo um ato de heroísmo.

Fonte: Escola do Rádio

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